O Brasil é um país de proporções continentais o que contribui para a grande biodiversidade que o Brasil abriga, contando com 6 biomas distintos e ricos em biodiversidade de espécies: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampas. Além da diversidade em relação a biomas, espécies e ecossistemas, a biodiversidade também faz do Brasil um país com grande diversidade social e cultural, que em muitos casos estão intimamente relacionadas à natureza de nosso país. A biodiversidade brasileira não é rica apenas para o Brasil, mas tem grande valor em cenário global, uma vez que o país contribui com 15% a 20% de toda a biodiversidade do planeta.
Com imenso potencial para pesquisa e novas descobertas, os biomas brasileiros passam por diversas frentes de estudos e cada vez mais, é possível entendermos seu potencial para inovação de base científica. O gráfico abaixo, representa qual o bioma brasileiro onde mais há pesquisas sobre a sua biodiversidade.
Além da grande relevância da biodiversidade brasileira, contamos também com a relevância e valor da pesquisa e das atividades científicas desenvolvidas no país sobre o tema. O Brasil é o país que conta com o maior número de publicações científicas sobre a biodiversidade brasileira, e ainda, tem apresentado crescimento acelerado nas quantidades de publicações nos últimos anos.
Grande parte dos trabalhos brasileiros a partir da biodiversidade são para pesquisa (79%), 19% para pesquisa e desenvolvimento tecnológico e 1,5% voltado exclusivamente para desenvolvimento tecnológico, conforme os dados do Sisgen. O potencial da biodiversidade somado à ciência e desenvolvimento tecnológico podem ser estratégias de diferencial competitivo para as empresas brasileiras, não somente para gerar resultados, mas também preservar o meio ambiente.
É possível observar a contribuição da biodiversidade do Brasil ao mundo com alguns números: cerca de 24% de todas as espécies de peixes de água doce do mundo, são espécies nativas do Brasil. Ainda, 16,5% das aves da biodiversidade global, são espécies originalmente encontradas em biomas brasileiros.
Não apenas estas, mas também contamos com uma riqueza indescritível de fungos e outros microrganismos, sendo 14,6% de fungos, 19,3% microrganismos e 1,8% de algas do total de insumos trabalhados por empresas, universidades e pesquisadores no Brasil, conforme os dados do Sisgen.
Hoje, é possível visualizar um cenário muito favorável a tais desenvolvimentos, uma vez que temos consciência sobre a vasta e rica biodiversidade brasileira, e também sobre a liderança e qualidade da pesquisa brasileira em relação ao tema, liderado pelas universidades públicas. Entretanto, apenas esses dois fatores não são suficientes para que tecnologias de alto valor sejam desenvolvidas e estejam aptas a gerarem o que há de potencial em valor socioeconômico e ambiental. A falta de políticas públicas que possibilitem segurança jurídica no investimento em ciência, tecnologia e inovação, ainda é uma das travas deste processo que pode vir a ser ainda maior diferencial ao Brasil. Além disso, também é necessária a maior participação empresarial e investimentos para que ideias saiam do papel e se concretizem em tecnologias capazes de transformar mercados.
A significativa quantidade de publicações sobre o tema demonstra o valor da ciência brasileira e o potencial do desenvolvimento tecnológico com base na biodiversidade do país. Existem diversos cases de tecnologias desenvolvidas e já direcionadas à população brasileira, que tiveram como base insumos biodiversos, porém este número de casos é muito menor do que as possibilidades que uma diversidade tão vasta nos proporciona.
As possibilidades de aplicação de tecnologias com base em insumos biodiversos podem ser direcionadas para diferentes setores da indústria. Como um exemplo de sucesso de tecnologia aplicada à indústria farmacêutica, o Acheflan foi desenvolvido a partir da erva-baleeira (Cordia verbenácea) pelo laboratório Aché e é aplicado em tratamento de processos e quadros inflamatórios. Já direcionado à indústria agrícola, temos o caso da Rizoflora, solução inovadora para o combate às pragas agrícolas, também com base em insumos da biodiversidade brasileira. Além destes setores, também contamos com o exemplo da linha Ekos Patauá, desenvolvida pela Natura com base no óleo bruto de Patauá e que é aplicada como tratamento biocosmético para fortalecimento da fibra capilar.
É possível gerar novos negócios e desenvolvimento econômico sem agredir e explorar de forma equivocada e insustentável a biodiversidade brasileira, mas para tal resultado, se faz necessária atuação em conjunto de órgãos governamentais, agentes do mercado e agentes do ecossistema científico e tecnológico. Na união destes três pilares, é possível criar estratégias e gerar tecnologias de alto valor a partir da biodiversidade que geram valor e desenvolvimento à sociedade.