CP Snow em sua obra Duas Culturas e uma segunda leitura, de 1963, aborda de forma concisa, bem humorada e crítica a separação e um distanciamento da cultura científica da cultura humanística.

 

Ele trata dos malefícios que isso gera para a sociedade e como, por meio da educação, é necessária a intersecção entre essas para a geração de uma terceira cultura. Apesar de escrito na década de 60, o livro e suas ideias ainda são atuais, na medida em que a ciência ainda não está muito difundida nas artes e humanidades, assim como essas não estão inseridas, como poderiam ou deveriam, na ciência.

 

Trazendo para o contexto de inovação baseada em ciência, o Harari também aborda em seu livro 21 lições para o século XXI sobre a necessidade de ter CPO (Chief Philosophy Office) nas startups a fim de que possam refletir e dirimir os impactos sociais negativos de tecnologias inovadoras. O autor nos traz que os problemas de filosofia não respondidos têm se tornado problemas de engenharia. Imagine no exemplo do trem que irá atropelar 5 pessoas se seguir seu curso normal, mas se você desviá-lo poderá atropelar apenas uma. O que fazer? É uma pergunta filosófica sem uma resposta categórica. Mas agora alguém deverá programar os carros autônomos e responder perguntas como essas.

 

Intersecções entre as duas culturas, formando a terceira, se dá também em obras literárias, séries e filmes em que promovem o conhecimento científico, difundindo método e racional cada vez mais necessário para nossa sociedade. Jornalismo científico e discussões sociais sobre a ciência também promovem a terceira cultura promovida pelo CP Snow.

 

No dia da Ciência e Cultura, celebramos também a intersecção e integração entre a cultura científica e humanística.

 

05 de novembro de 2022.
Daniel Pimentel Neves, sócio diretor na Emerge.