Por que as ações de uma empresa de biotecnologia americana subiram 69% no dia 27 de maio? E qual a sua relação com o desenvolvimento científico brasileiro?

E não estamos falando de plataformas digitais ou mesmo de vacina, medicamento ou diagnóstico para a COVID-19.

 

Com a divulgação no dia 27 de maio dos resultados preliminares dos testes clínicos de um dos produtos da Mersana Therapeutics endereçado para câncer de ovário, as ações da companhia dispararam. Os testes foram realizados com 20 pacientes em que além de demonstrar segurança, a nova droga demonstrou eficácia. 10% alcançaram respostas completas confirmadas, 25% alcançaram respostas parciais confirmadas, enquanto a taxa de controle da doença (DCR) foi de 80%. (fonte)

Este novo medicamento (XMT-1563) consiste na combinação de uma toxina e plataforma desenvolvidas pela Mersana com uma tecnologia de uma empresa brasileira de produção de anticorpos, a Recepta. Em julho de 2015, essa tecnologia foi licenciada, sendo a primeira licença internacional de uma droga brasileira, detendo a Recepta os direitos de milestones, royalties e de comercialização no Brasil.

A Recepta Biopharma é uma empresa brasileira de biotecnologia dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novos fármacos – anticorpos monoclonais e peptídeos – para serem utilizados no tratamento do câncer.

Fundada em 2006 pelo cientista e empreendedor José Fernando Perez, que foi professor titular de Física da USP e diretor científico da FAPESP por 12 anos, a Recepta também contou com investimentos e apoio do BNDES, FINEP, empresários brasileiros e do Instituto Ludwing de Pesquisa sobre o Câncer. Conta também com desenvolvimento e parceria com diversos centros de pesquisa no Brasil, como o Instituto Butantã, Faculdade de Medicina e Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), bem como com a Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP).

Além do licenciamento pioneiro e resultados promissores com a Mersana, A Recepta.Bio possui outros dois produtos em licenciados para outra empresa americana listada na NASDAQ, a Agenus. A principal meta desta companhia para este ano de 2020 é a submissão a ensaios clínicos de novos medicamentos que a ReceptaBio possui direitos exclusivos de produção, desenvolvimento e comercialização para o Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela e royalties sobre as vendas líquidas.

A Recepta é um exemplo de empreendimento que devemos estimular no Brasil. Além da ambição e audácia de procurar a solução de um problema complexo e global, a empresa possui parcerias internacionais, potencial global e um profundo conhecimento científico nos seus produtos e desenvolvimentos. Formada por profissionais altamente qualificados com experiências científicas e comerciais relevantes somada a política de científica, tecnológica e de inovação governamental de longo prazo que permitiu não só a formação de capital humano, mas também de infraestrutura de pesquisa em centros de excelência.

A Recepta comprova, como pode ser visto no gráfico acima, que os investimentos em ciência e inovação, seja por governos, empreendedores ou grandes empresas, além de solucionar os problemas globais que enfrentamos e ainda não temos resposta, justifica e geram retornos exponenciais no longo prazo.

No Podcast EMERGE da semana passada, entrevistamos o Fernando Perez, Diretor Presidente da Recpta Bio que fala um pouco mais sobre o assunto. Assista o Podcast pelo nosso canal: https://bit.ly/podcastemerge1 ou ouça o podcast pelo Spotify aqui: https://bit.ly/podcastemerge